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04 julho, 2017 Casamento comunitário: a solidez do amor

Três gerações de uma mesma família participarão da cerimônia promovida pela Prefeitura de Macaíba. Casal com quase 60 anos de convivência oficializará união

Em tempos de “amor líquido”, definição do sociólogo polonês Zygmunt Bauman para o caráter breve das relações afetivas entre as pessoas nestas primeiras décadas do século XXI, demonstrações de amor como forma de resistência a este cotidiano surpreendem por estarem na contramão dos frágeis laços das uniões que se desmancham no ar por qualquer que seja o motivo. Ilhas em um mundo onde tudo é feito para não durar. O que dizer então da confirmação de um amor após quase seis décadas de convivência e que se espalha por três gerações de uma família?

Este é o caso da senhora Regina Alexandre Alves, 73 anos, e do senhor Abel Alves Cordeiro, 89 anos, que, após 57 anos de união, enfim oficializarão o matrimônio na próxima sexta-feira (7), no casamento comunitário promovido pela Prefeitura de Macaíba e o Poder Judiciário do Rio Grande, no ginásio Edilson de Albuquerque Bezerra, a partir das 18h. Uma das filhas do casal, Rejane Alves da Silva, e a neta, Samara Karina, também casarão na cerimônia.

Onze filhos, 12 netos e cinco bisnetos são resultados e testemunhas do relacionamento que atravessou as décadas e as fronteiras da pequena cidade de Camocim de São Félix, no brejo do estado de Pernambuco e, há 30 anos, encontrou morada nas terras da antiga Coyté, a Macaíba do interior potiguar, na estrada de Jacobina.

“O coração está agitado. Estou pensando no casamento da minha filha, da minha neta e no meu (risos)! Haja coração”, diz a senhora Regina, dona de casa, a grande incentivadora do casamento, vencedora de uma negociação que atravessou décadas. “Eu falava: ‘Abel, vamos casar? ’ e ele dizia ‘Não, mulher. Já somos casados! ’”, ela diz. Ele afirma: “Eu sempre fui desleixado e ela sempre cobrava. De tanto pedir, vou fazer por causa dela. Quase 60 anos não são 50 ou 60 dias. Eu vivi a minha vida toda com ela e resolvi então procurar o casamento”, afirma o agricultor aposentado Abel.

Mas qual o segredo para uma relação duradoura, uma união que atravesse os mais complexos problemas, necessidades e desejos nem sempre semelhantes do dia a dia de um casal? De acordo com o senhor Abel, a resposta está também em um caminho, uma atitude: “Usar a compreensão para poder ter uma boa convivência. É preciso um entender o outro para construir uma boa união. Se um casal só vive brigando, em desavença isso resulta em separação”, declara.

Questionados se ainda continuam apaixonados um pelo outro como nos primeiros anos de namoro, eles não hesitam em confirmar o amor que os une. “Macaíba vai tremer com este casal de jovens!”, afirma Abel entre risadas e declarações de felicidade sobre o casamento que se aproxima.

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Fotos: Sergio Silva

Texto: Tadeu de Oliveira

Assecom-PMM